10 de nov. de 2011

O Sonho Insiste

Neste mundo em que vivo
O sonho insiste em me habitar
A realidade aqui amargurada
Apenas serve para inspirar

Minha felicidade é mais real
Não me amedronto com pavores
Refletindo a vida alheia
Agindo sempre como atores

Passo a andar por sobre as águas
Sem temer me afundar
Neste mundo em que vivo
O sonho insiste em me habitar

Nele encontro amores
Com os quais eu vivo lá
Para uns são terrores
Para outros o decolar
Neste mundo em que vivo
O sonho insiste em me habitar

Não permita que eu volte
Aquele mundo agitar
Pois aqui estou no auge
Do meu mundo encontrar
Sem viver neste mundo
Em que o sonho insiste em me habitar.

4 de nov. de 2011

Sonhar

Podem tirar minha capacidade de andar,
Abstrair meu direito de segurar as coisas,
De poder falar, ouvir ou enxergar,
E até de pensar, de racocinar e de viver.

Mas independente do meu estado,
Parcial ou integral,
Vegetativo ou liberal,
Nunca me tirarão o direito de sonhar.

Ato voluntário de estabelecimento de meta,
É uma forma de se manter a esperança em algo,
E assim adquirir força para lutar.

Quem não sonha não tem objetivo,
Não tem chegada, pois não tem caminho,
Permanece sozinho em seu vazio espiritual.

12 de out. de 2011

A viagem - Parte 02

A vivência na nova residência estava indo muito bem, e com pouco mais de 1 ano que estava naquele mundo louco e novo, já tentando uma adaptação para minimizar o sacrifício de estar tão longe da minha verdadeira residência, fui a um local coletivo onde o tempo de vivência naquela terra era muito parecido entre seus frequentadores. Haviam mulheres mais experientes para nos orientar no enorme desconhecido que nos encontrávamos, e tentavam fazer isso de forma agradável, nos dando uma certa liberdade de conhecer as coisas e de nos conhecer também.

Mal tive tempo de me adaptar àquela nova vida, o casal se deslocou para uma nova cidade, distante daquela única que conhecia, e muito mais movimentada também. Sem confiar em mais ninguém, e com um convite indireto deles para acompanhá-los, eu fui junto. O homem conhecia algumas pessoas no novo local e saíamos muito. Perto de onde passamos a morar, havia um centro de encontro coletivo, como o que eu já havia frequentado na primeira morada, e passei a ir todos os dias. Sempre que eu chegava ao lugar, que possuia um estacionamento na frente e um prédio ao fundo, cercado apenas com tela de metal, via via homens e mulheres de existência igual a minha, mas não do mesmo lugar, se lamentando com veemência sobre sua estada temporária, que só durava até o final do dia, mas mesmo assim manifestavam sua insatisfação. Não entendia o motivo daquilo e observava sem compactuar com tal atitude. Porém, um belo dia, resolvi fazer aquilo. Não me pergunte a causa, que nem eu sei explicar direito tamanha idiotice, mas como via todos fazendo, quis ver o resultado final. Não fez diferença nenhuma em minha vida, e comecei a perceber que realmente havia algo diferente comigo, que me diferenciava da maioria dos frequentadores daquele mundo.

Um dia ganhei do casal um veículo, movido a tração animal, mas que tinha quatro rodas, o que facilitava a minha humilde locomoção. Gostei daquele veículo, mas confesso que duas das quatro rodas me incomodavam, e como via a maioria daqueles meios de locomoção apenas com duas rodas, tentei imitar os que já possuiam tamanha habilidade, o que não era nada fácil.

Certo dia fomos visitar os consanguíneos do casal, e andamos muito mais do que eu estava acostumado, se tornando um trajeto cansativo, tanto que dormia em grande parte dele. Eram tantas pessoas que custei a saber quem eram para identificá-los. E os membros só aumetavam, o que dificultava conhecê-los em sua totalidade, mas sabia o que significavam e que eram amigos, e acabei embarcando naquela bagunça saudável, e meus meios de comunicação estavam mais adaptados fazendo com que as pessoas me entendessem mais.

19 de set. de 2011

A viagem - Parte 01

Lembro que era bem cedo. Abri os olhos e estava dentro de um trem, parado na estação final. Era o único passageiro e mesmo sem saber onde estava, aquele era o meu destino. Sai do vagão e um casal me aguardava do lado de fora, e estranhamente, pareciam me conhecer, mas eu nunca os havia visto. Seriam parentes? Seriam amigos? Quem eram aqueles dois que me esperavam e que tanto sabiam de mim? Estranhei, mas diante de tanta evidência positiva, resolvi confiar, de tal forma, que fui para a casa deles, onde me acolheram com muito carinho.

Tudo era novo, a língua, o local, os sons, as pessoas, e mesmo sabendo que aquele não era meu lugar, que aquela não era minha vida, resolvi ficar. Com o tempo, mais pessoas foram sendo apresentadas a mim, mas no início a dificuldade de me comunicar era tamanha que eu me reservava no direito de só escutá-los. Às vezes tentava alguma coisa, mas em vão.

Meu reflexo naquele mundo era algo que me encantava pela novidade, me procurava, e me encontrava em matéria, me tocando e me redescobrindo, como uma espécie de nativo de um ambiente desconhecido e aparentemente amável. Apalpava a água, sobrevoava minhas ilusões e me prendia na minha própria falta de experiência, mas passei a achar aquilo normal. Cheguei a dormir todas as tardes, mesmo sem entender  motivo pelo qual fazia aquilo.

Algumas vezes me via, mesmo que de aparência abstrata, em um grande e verde jardim, em um dia lindo e claro, cercado parcialmente de grades de madeira, pintadas de branco, e , de forma repentina e sem espaço para defesa, uma enorme esfera vinha a meu encontro, interrompendo meu descanço e me acordando para o concreto.

O meio com que eles se locomoviam também era interessante, mas me dava sono, exemplo disso eram as inúmeras cochiladas dadas por mim nos trajetos. Certa vez acordei na chegada da casa da mãe da que me acolheu, e lembro de olhar para a frente e ver a janela, mesmo sem saber que destino era aquele. A jovem senhora vivia na companhia residencial de um homem e um garoto beirando a adolescência, que eram frutos da mesma relação da jovem que me tinha como hóspede.

Dias depois, o casal saiu da casa pequena, de quatro cômodos, para um local um pouco maior, e me levaram junto. Era exatamente do lado de sua mãe, o que estreitou um pouco mais minha relação com os moradores da outra casa.

A experiência mais dolorosa para mim nessa época foi, com toda a certeza, o corte que adquiri na canela quando uma cadeira cujo o material era de uma madeira mais escura, se fechou e uma de suas peças entrou levemente na minha perna. Fui levado ao hostital e lá tomei alguns pontos para fechar o ferimento bruscamente aberto.

28 de ago. de 2011

Porta Aberta

Certa vez, um garotinho que há muito olhava a rua pela janela à procura de algo, avistou uma menininha muito bela e graciosa andando pela calçada.Os dois se olharam por um momento e começaram a se comunicar. A inteligência da garotinha também chamou a atenção do solitário observador, que, no meio da conversa, desapareceu e, em seguida, a menininha ouviu o barulho da porta sendo destrancada, observando que, na sequencia, o garotinho reapareceu novamente na janela. A conversa foi rendendo, rendendo, mas numa certa hora, o menininho achou que não estava agradando a nobre garotinha, foi ai que se surpreendeu com a pergunta dela: "A porta ainda está aberta? Estou pensando em entrar." Vendo a menininha se aproximar, o pobre garotinho voltou para a porta com a finalidade de abri-la, e quando o fez, viu a garotinha indo embora sem dar explicações, sumindo rua afora. Alguns dias depois, viu em sua caixa de correio uma carta da menininha se desculpando. Mal sabia ela que o garotinho fechara a porta pelo vento frio que se apossou de sua humilde residência após sua ida, e que resolveu trancá-la definitivamente, sem nunca mais olhar pela janela.

22 de ago. de 2011

Povo que me fez

A vida que eu tiver
A situação que eu for ter
Não vou me esquecer
Do povo que me fez viver.

De amores que vivi
A aqueles que parti
Não vou me esquecer
Do povo que me fez sorrir

Em tudo que sonhar
Para tudo que conquistar
Vou sempre me lembrar
Do povo que me fez amar.

Ser

Eis de elevar teu espírito
Pois logo nada seu corpo servirá
Aspirando a seus amores
Renunciando a seus pavores
Levando a mente a um raciocínio
De que a concretividade
Está em seu interior.